Episode Transcript
Bem-vindo ao podcast do aposente aos 40, a casa da comunidade fire no Brasil.
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Bem-vindo ao podcast do aposentos, aos 40, e hoje vamos falar sobre os perigos do excesso de conservadorismo no planejamento fire e como isto pode impedir você de alcançá lo.
Oi, pessoal.
Mergulhando hoje um tema super importante para quem está nessa jornada da Independência financeira e aposentadoria antecipada ao fire, né?
Com certeza.
A gente recebeu um material bem legal, um artigo lá do blog aposente aos 40.
E ele traz uma provocação, sabe?
Prudência é chave, claro.
Fundamental.
Mas quando que essa cautela toda vira um peso, vira um freio?
A ideia aqui é investigar como esse conservadorismo Exagerado pode assim acabar sabotando o próprio plano fire.
É isso aí?
O artigo usa uma imagem que eu achei ótima, alguém com tanta camada de proteção que mal consegue andar.
Nossa visual perfeito.
Né, captura bem a ideia de como o medo, quando é demais, paralisa.
OK, vamos.
Vamos desempacotar isso.
Então, como é que esse excesso de proteção aparece no dia a dia do planejamento?
Fire?
Olha, essa analogia é excelente mesmo porque mostra que segurança demais tem um custo, né?
Muitas vezes um custo oculto.
Sim.
E essa discussão?
Que o material até menciona ser inspirado em debates lá fora, tipo do podcast choosefi.
Ah, sim, aqui no Brasil ela ganha uma força extra, né?
Com toda a nossa instabilidade é econômica, política, é natural a gente querer se proteger ainda mais.
Faz sentido?
Só que é crucial entender o preço de cada camada extra de conservadorismo.
Será que a gente tá se protegendo de risco real?
Ou ou só de fantasma mesmo criado pelo medo?
Exato.
E o material que a gente analisou detalha bem algumas dessas camadas.
A primeira, e acho que muita gente vai se identificar, é inflar artificialmente as despesas anuais.
Como que funciona isso?
Ah, essa é clássica.
Então, o lógico seria olhar para o gasto atual, né?
O exemplo lá é de uma família que sabe porque controla, que vive bem.
Com 7000 BRL por mês, dá 84000 por ano.
OK, um número concreto.
Aí, aplicando as a famosa regra dos 4%, para ter uma ideia do patrimônio necessário, o número fire seria 2,1 milhões.
É pegar os 84000 e dividir por 0,04.
Parece simples, né?
Parece só que aí entra a psicologia, né?
Aquela vozinha do medo.
Ah, mas e se a inflação da saúde disparar?
E se eu quiser viajar mais?
E se vier uma crise daquelas?
Hum, a famosa vozinha.
Exato.
E aí a pessoa pensa, quer saber?
Vou jogar pra cima, pra garantir.
E aqueles 7000 BRL viram 8009 1000 BRL, ou, como no exemplo do artigo 10000 BRL por mês, que dá 120000 BRL no ano.
Essa gordurinha, né?
Essa margem parece responsável, talvez, mas qual o impacto real disso no número final?
Então, o que é fascinante aqui é botar na ponta do lápis.
Recalculando o número fire com esses 120000 BRL anuais, ainda nos 4%, o alvo pula para 3,0 milhões de reais.
Nossa.
Percebe um aumento de pouco mais de 40% no gasto mensal estimado de 7 para 10000 BRL gerou 900000 BRL a mais na meta de patrimônio.
Isso pode ser 57, sei lá, 10 anos, há mais de trabalho pra muita gente.
Uau.
900000 só por essa precaução é.
É um número pra pensar, né?
Será que essa margem é sempre justificada mesmo?
Tem um viés aí, não tem medo de errar pra menos.
Com certeza, aversão a perda total, o medo de ficar sem grana na aposentadoria é muito maior que a frustração de ter trabalhado anos a mais à toa, né?
Verdade.
E a gente tende a super estimar o impacto das coisas ruins no futuro.
Claro, uma margem para imprevisto é bom ter, óbvio, mas talvez calculada de forma mais racional.
Um fundo de emergência parrudo?
Talvez sim.
E não só inflar o custo base de vida de qualquer jeito, a questão é separar o que é prudência do que é pessimismo Exagerado.
E o problema é que essas camadas vão se somando, né?
Não para só na despesa inflada.
A próxima camada comum que a análise mostra mexer na taxa de retirada segura até SR.
Exatamente, uma coisa puxa a outra.
Certo?
Seguindo exemplo, a pessoa já decidiu que precisa daquele 120000 por ano, os 10000 BRL mensais inflados.
Aí ela olha para a taxa de 4% que veio lá do treinity study tal e pensa, poxa, mas isso foi nos Estados Unidos?
E o Brasil, essa volatilidade, toda crise política?
Será que 4% é seguro mesmo?
Acho que vou usar 3% pra dormir melhor, é.
Essa é outra decisão bem comum e o efeito dela é multiplicador em cima do número que já estava inflado.
Vamos calcular 120000 por ano, dividido por uma TSR de 3%, ou 0,03.
Quanto dá isso?
O novo alvo vai para.
4,0 milhões.
4000000.
Agora, compara o plano original com gasto real 84 capano ETSR de 4% era 2,1 milhões, certo?
A primeira camada de medo que inflou o gasto para 120 capano levou para 3,0 milhões.
Já era um Salto.
E a segunda camada, reduzindo ATSR para 3%, jogou lá para 4,0 milhões.
Dobrou.
Basicamente, dobrou o número necessário em relação ao plano original, que era baseado na vida real da pessoa.
Quase 2000000 a mais.
Isso é brutal.
É um impacto imenso, né?
Se a gente conecta os pontos, vê como 2 decisões que parecem só conservadoras podem transformar um sonho que era viável em algo.
Quase impossível, muito, muito distante.
É desanimador, né?
Demais.
E é importante questionar a base disso.
A regra dos 4% já tem uma margem de segurança grande embutida ali para aguentar crises históricas.
Reduzir para 3% 2 e meio sem uma análise mais profunda que justifique isso.
Para o seu caso específico, sei lá, pode ser um tiro no pé.
Faz todo o sentido.
Tem que entender a lógica da regra antes de jogar ela fora só por medo.
Né, exato.
E tem mais uma camada de conservadorismo que é muito forte aqui no Brasil, que a análise também traz ignorar completamente a previdência pública OINSS.
Ah, sim, essa é batata.
Muita gente que planeja fire, talvez por não confiar no sistema ou por querer ser 100% autossuficiente, simplesmente bota zero ali na linha do INSS, na planilha.
Sim, não conto com isso, é?
E aqui que fica interessante analisar as nuances, né?
Olha, é uma simplificação comum, mas que pra maioria dos brasileiros que contribuíram, não é o cenário mais provável.
Sabe o material que a gente tá usando?
Traz um dado importante, mais de 70% dos aposentados no Brasil dependem do INSS como única renda.
Nossa, 70% é muita gente.
Muita gente mostra o peso social do sistema.
Extinguir ele completamente é bem complicado politicamente.
Reforma, sim, sempre podem vir, mas sumir?
Difícil.
Tá, mas mesmo assim, qual o problema de ignorar OINSS nos cálculos para ser mais conservador?
Não é só mais segurança.
O problema é o mesmo das outras camadas, você acaba superestimando o quanto precisa juntar por conta própria.
Ah, entendi.
Se a pessoa tem direito a um benefício futuro do INSS, mesmo que seja um salário mínimo, 2.
Essa renda vitalícia vai diminuir o quanto ela precisa tirar dos investimentos todo ano, principalmente depois que chegar na idade de aposentar pelo governo, né?
Ignorar isso significa calcular o número fire maior do que o necessário pra cobrir o que o INSS não vai cobrir.
Entendi então o ideal seria incluir uma estimativa do INSS no plano, mas como fazer isso sem ser otimista demais?
A forma mais prática é usar o que está disponível.
O portal meu INSS, do governo, tem lá o histórico de contribuições e o mais importante, um simulador de aposentadoria.
Ah, o simulador, já ouviu falar?
Ele dá uma projeção do valor e da data provável baseado nas regras de hoje e no que você já contribuiu.
Mesmo quem é cético pode pegar essa projeção e aplicar um desconto, sei lá, considerar só 70%, 80% do valor.
Um fator de cagaço, digamos assim.
Exato.
Um fator de realismo pessimista?
Talvez.
Mas incluir algo é mais realista do que zerar?
Totalmente.
Mas e quando?
O que faz sentido ignorar o INSS mesmo?
O material fala de exceções.
Fala assim e é bom saber quais são.
O primeiro caso é meio óbvio.
Quem não tem e nem planeja ter o tempo mínimo de contribuição exigido?
Que hoje é quanto?
Depende da regra, mas para aposentadoria por idade pós reforma, geralmente 15 anos para mulheres, 20 para homens, sem o mínimo não tem benefício contributivo.
Teria o BPC loas?
Talvez.
Mas aí é outra coisa, né?
É assistencial, não aposentadoria.
Certo, sem contribuição mínima, sem benefício.
Qual outra sessão?
Outra é quem planeja morar fora permanentemente, num país que não tem acordo previdenciário com o Brasil e não vai mais contribuir aqui.
Ah, ok, faz sentido.
E, por último, para quem tem um patrimônio e uma renda projetada gigantesco, sabe onde o valor do INSS seria tipo?
Irrisório perto do resto, aí, talvez simplifique ignorar.
Entendi casos bem específicos mesmo.
Exato, tirando essas situações, considerar OINSS, mesmo com descontinho conservador, geralmente deixa o plano mais pé no chão pra maioria dos brasileiros que contribuíram.
Isso puxa uma outra questão, né?
Qual que outras Fontes futuras de renda ou segurança a gente pode estar ignorando por pessimismo demais?
Pensão, aluguel.
Até um bico por prazer na aposentadoria.
E isso?
Tudo leva a gente pra conclusão principal dessa análise.
Vou até usar a frase exata que o material sugere pra resumir, ser conservador é saudável, mas empilhar camadas de conservadorismo pode transformar um plano viável em algo inalcançável.
O resultado?
Anos extras de trabalho que talvez não fossem necessários.
Perfeito e é isso, sabe?
Não é para sempre o dente largar mão no planejamento.
O caminho fire exige cuidado, sim, exige margem de segurança.
O alerta é contra o excesso, contra deixar o medo sem medida, ditar regras que implantanto a meta que desmotiva ou até inviabiliza o projeto é evitar se sabotar por excesso e dizê lo tem que achar um equilíbrio entre a segurança e a vida que se quer viver logo.
Né?
O risco não é só faltar dinheiro, é também desperdiçar anos de Liberdade atrás de uma meta inflada.
Isso.
Então, como achar esse equilíbrio na prática?
O material dá umas dicas para não cair nessa armadilha.
A primeira, que parece a base de tudo, usar números reais dos gastos atuais, ajustados pela inflação.
Claro, mas sim, chute Exagerado para cima, só para garantir.
Começar com dados concretos do próprio padrão de vida.
Essencial a segunda dica é escolher uma taxa de retirada ATSR que seja fundamentada.
Entender de onde veio, tipo trinity study, adaptar para cair pro seu perfil de risco, mas evitar cortar taxa drasticamente só por medo genérico, sem uma análise que justifique.
Entendi.
Não reduzir de 4% para 3%, porque sim.
Exato.
E a terceira dica reforça o que a gente falou do INSS, incluir Fontes de renda futuras que são razoavelmente garantidas.
INSS para quem tem direito, pensão, aluguel de imóvel quitado.
Isso incluir de forma realista pode até aplicar um desconto conservador nelas, mas considerar é quase sempre melhor do que ignorar.
Boas dicas práticas.
Ajudam a ancorar o plano na realidade, né?
E pra deixar uma provocação final aqui, uma reflexão.
A gente falou de conservadorismo nas despesas na tsr, no INSS, mas onde mais ele pode estar escondido no plano fire?
Hum, boa pergunta.
Será que as projeções de retorno dos investimentos num tão pessimistas demais, ignorando o potencial de longo prazo, pra ter uma segurança meio ilusória no curto prazo?
Ou talvez os planos pra imprevistos?
Estão superdimensionados que engessam tudo.
Exatamente.
Ou a dificuldade em ajustar o plano quando a vida muda ou não considerar um trabalho de meio período por prazer.
Fica essa pergunta no ar, né?
Onde mais essa armadura de proteção pode estar pesando demais e atrapalhando?
Ótima provocação.
É para cada um olhar para o próprio plano com esse olhar crítico, né?
Onde a busca por segurança vira obstáculo?
Precisamente.
A reflexão é essa, as premissas são realistas ou são guiadas mais pelo medo?
Fica o convite para essa autoanálise.
Excelente forma de fechar nossa análise de hoje.
Achar esse equilíbrio fino entre prudência e pragmatismo parece ser a chave para um plano fire que funcione, que seja realista e alcançável, sem jogar fora anos de vida à toa.