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Você tem exaustão algorítmica? #FlashbackdoAprenda

Episode Transcript

Se por acaso você já teve a sensação que as plataformas digitais estão sugando a sua força vital, é porque é mais ou menos isso que tá acontecendo com a gente hoje.

Claro que não.

Literalmente tá 11, perdi o juízo.

Ainda não é um feitiço, aliás, não é feitiçaria, é tecnologia.

Já dizia aquela publicidade lá que a gente cresceu ouvindo, tá todo mundo, ou quase todo mundo, com exaustão, algorítmica.

Está no ar.

Eu aprenda o programa que ensina coisas que você nem sabia que precisava saber.

Eu sou o Álvaro Leme, jornalista, professor, pesquisador e funcionário dos algoritmos, como todo criador de conteúdo.

Aliás, o conceito de exaustão algoritmica surge justamente nesse contexto aí, o da atividade de criar conteúdo profissionalmente.

É um conceito que foi proposto pelas pesquisadoras Michele prazeres e safe carau, aqui de São Paulo.

Eu conheço a eisaf la da USP, e ela é simplesmente uma das cientistas mais brilhantes mais sérias do país, então eu recomendo fortemente que você procure ela nas redes sociais.

Deixei o link aqui na descrição do episódio e acompanho o trabalho dela, que é muito bacana.

Tá, mas o que que é exaustão algorítmica?

Antes de aprofundar, vou dar aquele recadinho que ajuda a pagar meus boletos.

Já sabe até qual é, né?

Cada vez que você usa o cupom alvino nevino você ganha 10% de desconto nas suas compras e uma parte dessa transação vem aqui pro podcast.

Então, se você gosta do meu trabalho, gosta do meu conteúdo, não esqueça de usar e de mandar pros amigos.

Tem aquele amigo que gosta muito de vinho, manda Pra Ele, beleza, cupom alvino nevino antes de qualquer coisa, a gente precisa entender o que é um algoritmo, certo?

É uma palavra que é muito usada hoje, mas que nem sempre é clara pra todo mundo.

A gente até simplifica dizendo, Ah, é um robozinho que atua nas plataformas digitais.

E aí quando uma pessoa curte uma foto de um cachorro, é um sinal pra esse robozinho que se ele mostrar mais foto de bichinho fofinho, a pessoa vai continuar com os olhos grudados na tela.

O objetivo desse algoritmo é esse, prender a atenção das pessoas.

A partir dessa lógica, os algoritmos privilegiam conteúdo que faça as pessoas ficarem obcecadas ali.

Se for canal de YouTube, se for podcast, o ideal é que as pessoas fiquem com vontade de ouvir mais e de ver mais.

Partindo disso, o que que é exaustão algorítmica?

É uma crise de saúde observada em gente que, no dia a dia, precisa agradar esses algoritmos para ser vista, ser descoberta, ser conhecida por quem está do outro lado da tela.

Contei agora pouco que Ela Foi observada primeiro entre influenciadores digitais, não foi?

É isso?

Essas pessoas começaram a ter burnout, enxaqueca, transtorno de ansiedade, tudo por causa dessa relação, que é muito nova e ainda precisa de muito equilíbrio.

Mas essas pessoas precisam ser vistas apenas por vaidade, não?

É que, embora seja uma profissão mais recente, o ofício de influenciar depende do que da visibilidade pra faturar e assim a pessoa poder pagar suas contas.

Acontece que, apesar de ter sido observada primeiro entre influenciadores, a exaustão algorítmica já não é mais restrita a eles.

Pode acontecer com você, por exemplo, se você é motorista de aplicativo, também tem sua rotina ligada a um algoritmo.

Nesse caso, programado para que cada motorista atue com eficiência máxima.

De certo modo, o algoritmo é o chefe do que a gente chama de trabalhadores de plataforma.

Eu falei dos motoristas de Uber, mas entregadores, gente que faz Airbnb.

E se agradar um chefe humano já é difícil, o que que você acha que acontece quando a gente interage com um robô programado para extrair o máximo de eficiência da gente?

Exaustão, algorítmica.

Se liga aqui nos sintomas da exaustão, algorítmica e vê se reconhece algum deles em você.

Um sentimento permanente de insatisfação, desânimo, esgotamento, ausência de criatividade, medo de deixar de postar nas plataformas e ser punido por essa ausência, além do medo de não dar conta do ritmo de trabalho.

Eu me reconheço em absolutamente todos.

Fiquei até com medo enquanto estava escrevendo esse roteiro.

Tem ainda uma outra esfera da exaustão, algorítmica.

Você já reparou como hoje todo mundo tem que ser meio blogueirinho?

Precisa ficar divulgando o seu trabalho na internet, mesmo que essa pessoa seja de uma área que não tem nada a ver com rede social?

Como a gente vive num mundo em que quem não é visto não é lembrado?

Quase toda profissão precisa se destacar nas mídias precisa ser vista pra conseguir atrair novos clientes.

Então você tem médicos, professores, nutricionistas, advogados, contadores, dentistas, todo mundo nessa mesma lógica.

Ou seja, isso quer dizer que a exaustão algorítmica acaba se universalizando.

Porque além de dar expediente no consultório, no escritório, a pessoa tem que ficar pensando no marketing que ela tem que fazer para continuar pagando os boletos, ainda que o dinheiro dela não venha das plataformas.

Ou seja, precisam trabalhar para os Mark Zuckerberg da vida ficarem.

Mais bilionários do que já são.

Eu sei que alguém vai dizer assim AI, mas a pessoa está na plataforma porque ela quer, ela não é obrigada a estar presente nas plataformas.

Só que na prática, isso não é verdade, porque como a gente vive numa sociedade em que o simples fato de você não ter perfil numa plataforma como Instagram já é suficiente para pessoa ser considerada suspeito, fica assim, meu Deus, porque essa pessoa não tá no Instagram?

Que que ela tem a esconder?

Tá no programa de proteção a testemunha.

No caso dos profissionais liberais, quando isso acontece é a credibilidade fica em jogo, fica em xeque, principalmente se o seu concorrente tem embora.

Eu faço a questão de dizer sempre que talento e capacidade não são medidos pelo fato de alguém estar na internet.

A gente cansa de ver gente que tem um Monte de seguidor fazendo um Monte de porcaria por aí.

E ainda tem um outro agravante, porque a pessoa cria conteúdos super legais, super interessantes sobre a área dela, várias dicas.

Úteis para as pessoas.

Aí vai ver o post, tem lá 3 likes e ninguém entende por que?

Porque a dica era boa, a pessoa fez o melhor dela, criou texto, criou vídeo a partir de alguma coisa que ela estudou assim durante anos.

E o que que ela fez de errado?

Como você já sabe que você já deve saber, não é só criar e publicar, você tem que entender o que que o algoritmo espera de você.

Mesmo que você seja contador, nutricionista, advogado, você precisa que o algoritmo entregue isso para as pessoas.

Acontece que as plataformas não são claras sobre o modo como esses robôs funcionam e aí elas mudam as regras o tempo todo.

Isso quer dizer que, além das horas de empenho pra outra pessoa ganhar dinheiro, esses profissionais ainda tem que lidar com o impacto emocional de se sentir rejeitado, de se sentir fracassado numa área em que às vezes ela é expert, num ramo que na vida do offline ela é referência, você entende?

Essa discrepância é muito absurdo.

E esse episódio aqui, ele não traz uma solução para o problema, tá?

Acho que seria muita pretensão da minha parte, mas eu quero, trazendo essa conversa, provocar você a pensar a respeito.

Será que é certo que tanta gente tenha burnout para bilionário ficar mais bilionário?

Eu não sou contra a internet.

Eu acho maravilhoso poder me conectar com as pessoas aqui.

Eu amo criar conteúdo, eu amo poder chegar a muita gente.

Mas eu acho que a gente tem que pensar como que dá para tornar menos injusta a relação entre usuários e plataformas, entre Creators e usuários, entre Creators e plataformas.

É uma relação que tinha que ser benéfica para todo mundo.

Mas do jeito que ela está configurada hoje, só o lado mais fraco, ou seja, a gente, eu e você, que fica no prejuízo.

Você sente algum sintoma da exaustão algoritmica?

Conta aí nos comentários porque eu volto a qualquer momento com mais coisas que você nem sabia que precisava saber.

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