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O que deixa alguém mais vulnerável ao suicídio? com Renisson Araújo

Episode Transcript

Você já se auto sabotou?

Vive em relacionamentos complicados?

Segue entre Tapas e Beijos com a sua família.

Já esteve perdida em algum momento na sua?

Carreira você não está sozinho.

Em psicologia sincera, eu, Ana Luiza.

E eu, Ana Teresa?

Vamos comentar os mais diversos assuntos do nosso cotidiano, sempre com uma opinião sincera.

Pode ser que você se identifique ou não com as nossas análises e reflexões.

Mas aí você vê se a carapuça serviu.

E aí, gente, sejam bem vindos a mais um episódio da psicologia sincera.

Como vocês podem ver, pelo título desse episódio e pela cor da capinha desse episódio, a gente vai fazer o nosso edição especial de setembro amarelo.

E quem já está escutando gente aí há muito tempo sabe que é uma tradução que a gente tem aqui, né?

Afinal, somos um podcast de psicologia, de saúde mental.

Não tinha como a gente não fazer um episódio dentro de algum tema relacionado a suicídio, né?

Nesse mês de setembro amarelo, a gente vai deixar inclusive aqui embaixo, na descrição do episódio, a gente vai nem entrar muito no.

Pormenores do que é o setembro amarelo, né?

A gente tem outros episódios falando sobre esse tema ao longo desses 5 anos aí de podcast.

A gente vai deixar então um link na descrição do episódio com.

Todos os episódios você tema amarelo que a gente já fez até agora.

E a gente ficou pensando, né, como que a gente poderia trazer esse tema aqui de novo para o podcast esse ano?

E também, como vocês sabem, geralmente a gente traz um convidado para falar aqui com a gente dentro desse tema.

Afinal, suicídio não é uma especialidade que nem eu nem a natureza temos, né?

Claro que a gente acaba estudando sobre isso para a gente atuar nas nossas profissões, mas não é um tema em que nenhuma de nós 2 se especializou.

Então, geralmente a gente traz aqui um profissional.

Final para falar com a gente sobre esse tema nesse Nosso Quadro de entrevistas, como vocês também podem ver aí pela capinha do episódio e vou deixar a natureza apresentar para vocês, então o nosso convidado de hoje, que a gente vai fazer um recorte muito interessante, que eu acho que a gente nunca fez aqui no podcast, dentro desse tema, falando de questões mais socioeconômicas, mais sociais em relação a esse tema do suicídio.

Acho que vai ser muito legal.

A gente está muito animada para fazer esse episódio, então sai muitas delongas.

Ana Teresa, quem que é o nosso convidado aqui para o episódio de hoje?

Gente, eu estou anima.

Nada para esse episódio a gente chamou o renisson Araújo, a gente acabou conhecendo ele pelas redes sociais, ele fez um vídeo Superinteressante que Ana Luiza a gente adorou e a gente entrou em contato com ele no mesmo, no mesmo dia que a gente viu o vídeo, a gente entrou em contato e a gente já conversou com ele antes.

Eu por isso que eu estou super empolgada.

E como é que eu vou apresentar ele para você, gente?

Ele é psicólogo, ele é mestre em psicologia na área de saúde mental do trabalhador pela federal da grande Dourados que é UFGD.

Ele atuou como psicólogo educacional também na rede pública de ensino do Mato Grosso do Sul, no projeto AG que é Havan.

No sul do jovem na aprendizagem e atualmente ele é comunicador e psicólogo clínico e atende no consultório dele.

Então seja super bem-vindo, dá um oi aí pro pessoal e.

Aí galera, tudo bom?

Nossa, é um prazer muito grande estar aqui.

Eu adoro esse tipo de bate-papo, especialmente com os colegas de profissão, afinal de contas é uma coisa que carece muito na nossa área, é justamente a nossa categoria está unida, né?

Então fico muito feliz pelo convite.

Obrigado meninos, obrigado dona Luiza, obrigado dona Teresa, é um prazer enorme estar aqui, espero que eu consiga atender as expectativas.

Então, já entrando assim, né?

Emilson no tema.

Acho que a gente pode começar falando de suicídio, perguntando como que estão os dados de suicídio no mundo assim, acho que é uma forma da gente poder começar a contextualizar um pouco aqui nossos ouvintes, de por que que é importante.

A gente tá falando sobre isso, inclusive, né?

E acho que os dados podem nos ajudar a ter essa resposta.

Bom, os dados vamos começar do macro para o micro, né?

No mundo, em média, a taxa de suicídio é de cerca de mais ou menos 8 e meio, 9 pessoas a cada 100000 habitantes é no nosso país.

Aqui no Brasil a taxa é um pouco menor, 7,1, coisa 8.

Porém, o Brasil é o sétimo oitavo do mundo em números absolutos de suicídio, né?

É importante fazer essa distinção de números absolutos por taxa, porque em números absolutos, por exemplo, os países que concentram o maior, o maior número de suicídio.

É China e Índia, né?

Afinal de contas, são os países mais populosos.

Mas a questão da taxa tem uma proporção diferente, né?

Os países com a maior taxa de suicídio no momento são Lesoto, que fica na África, e Guiana, né?

Aqui na América do sul, e a gente percebe que existe uma correlação, sim.

Nessa taxa de suicídio, diretamente com a questão socioeconômica, e é uma coisa que a gente acaba deixando muito de lado, porque quando a gente fala em suicídio e pensa em países que estão ligados a questão de suicídio, geralmente o que vem na nossa mente é Japão, é Finlândia, é às vezes qual é a do do sul, né?

E que de fato tem os seus dados de suicídio.

É bem significativos.

Fazer uma comparação entre esses países com países como Guiana, Lesoto, como Sri Lanka, é uma forma muito covarde de apagar os dados reais, é os números reais de suicídio.

É importante destacar também que.

Quase 3 em cada 4 suicídios do mundo acontecem em países pobres ou em desenvolvimento, então a questão econômica está intimamente ligada à questão de suicídio, né?

Um outro comparativo que eu acho que ajuda bastante as pessoas a entender, tem aquele que eles falam, né, que a cada 40 segundos do mundo uma pessoa tira a própria vida.

Eu acho que um comparativo um pouco mais chocante, pelo menos foi pra mim foi quando é na no próprio dados da OMS, eles dizem, né, que suicídio mata mais do que OHIV, do que é homicídios e do que desastres naturais somados, né?

Então, muitas vezes a gente tem medo aí de um.

Um de de uma violência é urbana, uma violência do cotidiano.

Alguém vim me assaltar, atirar em mim.

Mas, na prática, se você não faz parte de um ou outro país ali muito, muito bem alocado economicamente, na prática você tem muito mais chance de você tirar sua própria vida por questões emocionais, sociais, demográficas, culturais, do que de alguém te matar, né?

E a gente geralmente não se preocupa tanto com isso.

Eu acho muito importante você trazer esses dados de emissão, e é exatamente por isso que a gente chamou assim a gente.

A gente ficou chocado, inclusive com esses dados no vídeo que a gente viu seu, porque eu até fiquei pensando, ouvindo você.

E não que tenha algo de errado nisso, tá, gente?

Mas são perspectivas importantes da gente.

Poder complementar.

Fiquei pensando que eu acho que os episódios que a gente fez até agora e agora falando eu pessoalmente, os conteúdos que eu já vi sobre o suicídio ou enfim, já estudei num geral, ficaram muito focados exatamente numa perspetiva mais individual, né?

Que mais uma vez é importante a gente poder falar, claro, da experiência individual de cada pessoa dentro desse tema, mas eu acho.

Muito importante a gente poder trazer isso e você nos ajudar exatamente nesse ponto, né?

Assim de entender o suicídio como algo coletivo também como 11 questão e um problema coletivo.

Mas no meio disso tudo, acho que a gente também pode começar aqui o episódio pedindo para você explicar por que que esse é um tema tão tá boa assim.

Inclusive um dado para vocês, ouvintes, é que normalmente nossos episódios de suicídio não desempenham tão bem assim.

Paulão porque as pessoas nem querem, né?

Clicar, nem querem ver nesse.

Necessariamente algo sobre isso.

Só que a gente continua aqui fazendo, porque a gente acha que é importante, independente de ser algo que talvez atraia menos as pessoas, né?

Aí a gente fala muito sobre de ser um tema tabu, né, né, Tereza?

Aí você podia explicar um pouco pra gente assim.

Por quê que é um tema tão tabu?

Então, essa questão do suicídio ser um tema tabu, eu acho que a gente pode começar pela origem da palavra tabu, né?

Palavra tabu é uma palavra de origem polinésia que numa tradição meio livre, significa palavra maldita, né?

Ou uma palavra que carrega simbolicamente um poder.

De evocar ou abrir um portal, abrir uma dimensão para que os espíritos do mal entrassem, né?

Todo mundo aqui já deve ter ouvido algum, algum momento da vida conversando com a vó ou com alguém assim, mais velho.

Você estava na discussão com seu primo, sei lá, e você fala, Ah, mas que inferno, né?

E a sua vó fala, ô, não fala isso, porque falar isso atrai, falar isso, chama essa é toda uma questão, tem toda uma questão antropológica ligada a isso, e a gente meio que aprendeu que certas palavras, certos temas, não é bom a gente entrar neles, porque se não a gente acaba atraindo, né?

Então o pessoal acaba entendendo que se eu falar de suicídio, EE.

Especialmente porque tem toda também essa narrativa, né, de espera aí a gente tem que falar sobre suicídio, mas não adianta falar de qualquer jeito.

Então quem não é da área da saúde é especialmente da saúde mental, fica inseguro o que elas estão a falar, quem é da área da saúde mental pensa, putz, é, eu vou ter que saber falar direito, né?

Afinal de contas, eu sou formado nessa área e na dúvida, a gente já faz não falar nada, porque vai que fala errado, né?

Então isso acaba mais atrapalhando, que ajudando, a gente não entra nessa pauta e a gente é meio que obrigado a entrar na pauta quando o suicídio acontece e aí ocorre aquele impacto, né?

As pessoas, inclusive, hesitam muito em.

Falar para o suicídio, eu acho que esse inclusive é uma dor muito comum de boa parte das pessoas, né?

A morte, mas especialmente o suicídio, ele carrega um peso emocional muito grande, as pessoas usam qualquer termo, menos se matou, se suicidou, elas falam então quando a pessoa né, fez aquilo ou então Ah, então quando aconteceu, pois é, mas você não está pensando, né, em né fazer besteira, né?

Se usa qualquer tipo de referência para não falar suicídio, porque parece que a palavra suicídio ela causa uma dor emocional muito grande, né, uma violência muito grande, não estava muito.

No No nosso script, essa questão, mas acho que talvez seja um paralelo importante de se fazer do como que a gente tem um problema em atribuir inclusive o suicídio para certas circunstâncias.

Quando a gente fala muito dessa proibição, desse tabu, a gente faz uma referência direta ou indiretamente com a questão religiosa, né?

Especialmente no cristianismo, que é que acabou permeando boa parte da cultura ocidental.

E você vai ver, por exemplo, na bíblia, os suicídios que aconteceram de boa parte das pessoas.

Eles não tem uma reprovação tácita com relação aquilo, né?

Você tem muito mais a cena do suicídio como uma espécie de punição.

Não, ou seja, a pessoa se matou por arrependimento ou algo do tipo do que uma punição pós morte.

Em nenhum momento se fala que o rei Saul, por exemplo, que se suicidou, foi para o inferno, não se fala que sanção, inclusive é visto como herói, foi para o inferno que também se suicidou, e por aí você vai, Saul é a é abrir meleque aí tofeu o reizini, acho que é o suicídio mais conhecido de toda a bíblia, que as pessoas acabam se referenciando, é o de Judas, por isso que a gente associa ideia de suicídio como algo negativo ruim, né?

Judas sim, foi aquele que pecou, está indo Jesus e esse vai para o inferno, mas aproveitando.

De como que a gente tem dificuldade em falar a palavra suicídio e identificar ela.

Em algumas atitudes a gente pode trazer a própria morte de Jesus.

Se você definir suicídio como um ato deliberado, consciente, que a pessoa faz de tirar a própria vida em prol de aliviar uma dor ou em busca de defender uma causa.

E você considerar que Jesus na posição bíblica de filho de Deus onipotente, ou seja, ele pode fazer todas as coisas.

Ele escolhe voluntariamente se entregar para a morte.

A gente gosta no cristianismo e chama isso de sacrifício, mas é um sacrifício voluntário.

Logo, é um suicídio, mas em hipótese alguma você vai ver um cristão falando que Jesus se suicidou, porque o suicídio já está muito bem estruturado, muito bem segmentado no nosso imaginário como algo necessariamente pecaminoso, mesmo que você não tenha aparato bíblico para essa questão.

Então, parte do processo de transformar isso em um tabu foi muita responsabilidade da igreja católica especialmente, né?

Você teve lá no passado, sem entrar muito na questão.

Antropológica é, você tem primeiro aí lá, lá no entre o século 4, século 5, Santo Agostinho, né?

Que escreve nos livros confissões e cidade de Deus, ele é o primeira figura que oficialmente transforma o suicídio em pecado, né?

Até então, o suicídio é algo reprovável, especialmente no ponto de vista social, porque os países começaram a proibir suicídio porque eles precisavam de pessoas para poder reconstruir, né?

Os seus países pós guerra.

Mas a dimensão religiosa de proibição e a possível punição pós morte surge com Santo Agostinho, né?

Especialmente no livro a cidade de Deus é isso aí, perdoe.

Pura por mais de um milênio, né?

Praticamente até chegar em Santo Tomás de Aquino, que vai lá, me escreve, assuma teológica, onde ele reafirma mais uma vez que os suicidas, eles eram mártires de satã e que, para ele, o suicídio não deixava chance de arrependimento.

E aí é, até então, a única conceção que se tinha sobre suicídio, dentro dessa perspetiva, era uma conceção, é religiosa, pecadora, né?

A pessoa se suicida porque o demônio entra nela, ela entra em desperátil, né, que é a palavra que lá tinha que dar origem pra palavra desespero, e aí por conta disso ela se suicida, mas também a.

Partir ali do século 13, eles começaram a questionar outras possíveis explicações para esse tipo de suicídio, porque não é possível que todo mundo que se matou se matou porque dava de ter algum corpo, né?

Especialmente porque você vinha suicídios também, vindo de líderes religiosos e tudo mais.

Então a coisa começou anão fazer tanto sentido e aí começou a se surgir outras explicações, só que dessa vez de uma base mais biológica, né?

Começaram a se questionar, será que não tem um algo no corpo que faz essas pessoas quererem se matar?

Será que tem algo no biológico, né?

Aí nos fluidos, essa questão dos humores, a bielie negra, a Melanie coli, a melancolia.

Então começou, a partir do século 3, a se questionar outras possíveis explicações para além da questão religiosa, né?

E aí a gente foi para o corpo e atribuiu, é o suicídio, para a questão da melancolia.

Agora, com esse avanço ali do século 3, mas especialmente até o século 1617, o suicídio, ele deixa de ser assassino de si, ele deixa de ser um culpado, um assassino, ele passa a ser vítima, agora ele é vítima da doença, ele é vítima da melancolia, mas ainda assim a gente está muito preso em uma dinâmica individual.

O próximo avanço a gente vai ter, especialmente ali no século 17.

Com a leitura do John Donne e do Robert Burton, que o Robert Burton, ele escreve um livro chamado anatomia da melancolia e ele percebe, né?

Segundo ele, que a melancolia aparentemente é intensificada a partir de alguns comportamentos individuais e coletivos, né?

Aparentemente, quando o sujeito está em um momento coletivo, aquilo ali pode aumentar ou diminuir.

Então ele percebe que tem mais explicações para além da própria questão biológica.

Mas é só no século 19, com o juarkine, que a gente vai oficialmente trazer o suicídio para camada social juarkine no século 19, ele compila uma série de dados sobre suicídio, especialmente ser mais.

Com 26000 casos de suicídio e vai percebendo que existe uma espécie de padrão dentro das taxas de suicídio, que alguns grupos se suicidam mais independente do país, independente da cultura.

E aí a gente sabe dessa dinâmica individual, que a hora era religiosa ou biológica, e a gente entra nessa esfera social, a gente começa a perceber que inclusive a questão financeira faz parte jucain na época não percebe?

EE esse é um dos pontos também muito importantes, né?

Jucain escreve uma série de pressupostos, coleção a questão do suicídio, e um deles era de que a questão financeira não tinha diferença, né?

Ricos e pobres se matavam iguais a maior parte dos preceitos que jucain.

Escreve e permaneceram.

Só que esse foi um dos que caíram, né?

A gente percebeu, sim, que a questão financeira tem um impacto direto na questão do suicídio, ao compilar dados de suicídio de países pobres e comparar eles com dados de suicídios, taxa de suicídio de países ricos, né?

Então, hoje a gente tem essa noção de que o suicídio era um fato social, ele atinge o seres humanos de forma coletiva e dentro da dinâmica coletiva.

Óbvio que o financeiro vai fazer parte, afinal de contas, a gente vive em uma sociedade de consumo, né?

Uma sociedade capitalista no qual o valor do sujeito está muito ligado àquilo que ele é capaz de.

Produzir por isso, inclusive, também quando a pessoa deixa de produzir, deixa de trabalhar.

Você tem também um aumento significativo na taxa de suicídio.

Eu amei saber assim toda essa perspetiva histórica, porque eu acho que muitas vezes a gente tira, né, um pouco do presente, como a gente age em sociedade, como a gente é impactado pelo meio que a gente está, esquece que tem toda uma construção, tem toda uma história, até para a gente se questionar isso eu falo até fazendo as proporções corretas, gente com a nossa história de vida também, né?

O que que serve, o que não serve, de onde isso veio, será que isso é coerente com o que a gente quer seguir ou não?

E é muito interessante, a gente também está.

Fazendo aqui as pessoas num contexto mais complexo, porque a gente é influenciado pelo meio que a gente vive, a gente é influenciado pelas pessoas que a gente conversa e não deixa de ser o suicídio também algo que vai ser impactado por múltiplos fatores, né?

Então eu adorei que o ranisson trouxe assim de o social impacta, dinheiro impacta ao acesso, impacta.

E eu queria até começar perguntando assim, né, como essas condições socioeconômicas que você começou a falar de fato impactam um suicídio?

Você não vai direto ao ponto, é só você pensar o seguinte, pensa na pessoa que trabalha para os seus pais, trabalha na sua.

Casa que limpa a sua casa.

Você acredita que essa pessoa tem a mesma qualidade de vida que você?

Ela é capaz de comprar o mesmo tipo de comida que você compra no mercado?

Essa pessoa tem a mesma oportunidade que você de fazer uma academia.

Essa pessoa tem a mesma vontade de você de poder decidir no final de semana se você vai sair ou não, se você vai ficar em casa, se você vai visitar um parente ou não, a nossa condição socioeconômica, ela vai impactar.

anão ser que quando está Na Na ponta dos extremos, né?

Mas ela vai impactar em pequenos aspectos.

Uma pessoa que está há 56 meses, sempre com o boleto atrasado, sempre.

Explica o aluguel passando no limite e eu chegando ali perto do dia 10, ele tentando juntar dinheiro daquilo ali para poder pagar e não pagar a multa.

Ela tem um nível basal de estresse muito maior do que uma pessoa que tem uma condição socioeconômica estável.

Óbvio que condições socioeconômicas privilegiadas também podem aumentar o estresse por conta da pressão pro trabalho.

A pressão pro desempenho tem uma série de questões que vão ser adicionadas, só que não dá para comparar.

A qualidade da sua alimentação é menor e isso vai impactar na sua qualidade de vida que você clientemente usados de suicídio.

O seu sono tende a ser mais prejudicado quando você tem pessoas para sustentar, quando você vive num espaço.

Barulhento quando você não tem acesso a saneamento básico, né?

Então, todos esses critérios, o seu nível de escolarização vai ser impactado.

Afinal de contas, se você vem de uma família que você tem que trabalhar desde cedo para poder ajudar na casa, é muito diferente de você ter uma família que pode sustentar enquanto você faz faculdade em outra cidade.

Então, todos esses dados Unidos vão impactar nas taxas de suicídio.

E você começou a falar de todas essas diferenças sociais, né?

E você trouxe até essa questão de você poder estudar.

E Eu Acredito que a.

A escolaridade deve ter alguma coisa a ver com isso também.

Necessariamente a questão da escolaridade ela afeta na seguinte perspetiva, né?

Primeiro que quando você tem uma faculdade, mesmo hoje a faculdade valendo menos do que valia alguns anos atrás, né?

Por conta da nossa uberização do trabalho, é, no geral, ela ainda fornece um certo tipo de garantia para você, caso você queira trocar de profissão, né?

A gente percebe um dado que se repete em praticamente todos os grupos é que quanto menor o índice de escolaridade, maior é a taxa de suicídio.

Porque eu vou pegar um exemplo que eu acho que um exemplo muito bom é dos policiais, é, você percebe que, por exemplo, na polícia.

Militar até pouco tempo atrás não era exigido ensino superior para você ingressar na polícia militar.

E a polícia, como muita gente já sabe, na verdade a gente sabe desde o século 19, né?

Os militares, eles se suicidam bem mais do que a população comum.

Porém, no momento em que você começou a cobrar dos policiais militares ensino superior, você começou a ter uma leve diminuição na taxa de suicídio.

Por que que isso acontece?

O sujeito, por exemplo, que se tornou policial militar e ele tinha o ensino médio completo enquanto ele estava na polícia, ele era alguma coisa, ele representava, ele era um agente do estado, ele tinha uma estrutura, ele tinha uma corporação, ele tinha um grupo que IA.

Apresentava ele.

Apesar de ser um trabalho extremamente complexo, a gente pode falar com afirmar com tranquilidade que é um salário altamente insalubre, pelo menos do ponto de vista de saúde mental, exposição, violência, hierarquia muito rígida.

Mas ainda assim existe um ponto de conexão, né?

De corporação, de identidade entre eles.

Por esse sujeito, por alguma razão, seja por adoecimento emocional, seja por 11 casa do destino, ele tem que sair da corporação, ele sai de policial para nada.

Ele vira simplesmente uma pessoa ali de 3040 anos, que não se especializou, não sabe fazer mais nada além daquela questão, o mais comum.

Como que eles costumam ir para algum trabalho paralelo, né?

Se torna segurança ou vai trabalhar com segurança privada, algo do tipo, porque ele fica muito antenado àquele exercício da profissão, mas, no geral, essa pessoa tem muita dificuldade de sair de policial para, sei lá, vendedor de uma loja, Do Nada, eu tenho que me transformar.

Agora, se esse sujeito tem o ensino superior, né?

Vamos supor que ele se formou em biologia, ele se formou em letras, ele se formou em psicologia, se ele quiser, ele quer a chance, ainda que ele não queira, né?

Ainda que ele não seja fim de voltar para essa produção, ele tem como se realocar no mercado de trabalho ou tentar até mesmo outro concurso que ter um plano salarial.

Mal parecido com muito mais facilidade do que as pessoas que tem escolaridade nenhum.

Então a escolaridade vira um ponto de vulnerabilidade, né?

A baixa escolaridade vira um ponto de vulnerabilidade para esse sujeito, né?

Ele acaba sendo o que a gente chama de fator de risco ou fator de proteção, caso você tenha uma escolaridade alta, né?

Fator de proteção é aquilo que quando tem presente na sua vida, diminui o risco de suicídio.

O fator de risco é aquilo que, quando está presente, aumenta o risco de suicídio.

Exemplos de fator de proteção, né?

Ter os pais vivos é um fator de proteção, pessoas que tenham os pais vivos.

Se suicidam menos que pessoas que não tenham os pais vivos, ter filhos é fator de proteção à vida, né?

Especialmente seus filhos são muito novos, com 1006 anos de idade.

Agora, pessoas que não têm filhos se suicidam mais do que pessoas que têm filhos.

Está num relacionamento amoroso, costuma ser fator de proteção, especialmente para os homens, né?

Para as mulheres é também, mas não necessariamente para alguns grupos de mulheres.

Em alguns contextos, é estar casado é fator de risco, inclusive fazer parte de ter um vínculo religioso, não necessariamente ter fé, mas fazer parte do grupo, frequentar, ir lá todo domingo, se você não.

Tem um grupo religioso, você pode andar com o pessoal de bike que todo sábado vai pedalar com o pessoal do moto clube.

Você tem um grupo coeso com o ideal em comum, igual você participa fisicamente indo até eles.

É fator de proteção à vida, mas é importante destacar que os fatores de proteção à vida, eles também são relativos, porque pode ser que ter país vivo seja fator de proteção para massa e maioria das pessoas, mas se a sua relação com seus pais é péssima, seus pais te agridem, te humilham, não te aceita como você é, não necessamente, vai ser fator de proteção, pode inclusive ser fator de risco.

Casamento, como eu coloquei, costuma ser fator de proteção, mas você sofre de violência doméstica.

Se o casamento te demanda mais horas de trabalho ainda, para além do trabalho que você faz fora de casa, não necessariamente falta de proteção por aí vai.

Acho que esse é um ponto muito importante que você traz genisson, porque fala exatamente daquilo que eu estava falando, né?

Da gente poder sempre casar o olhar coletivo, que inclusive os dados nos mostram desse olhar mais individualizado, da experiência da pessoa, né?

Dentro daquilo que enfim, do que a gente está falando.

E você tocou num ponto que eu acho importante também fazendo esse recorte específico do episódio, das questões sociais.

Socioeconômicas.

E eu fiquei curiosa de como que entram, entram as condições de trabalho daquela pessoa ou daquele grupo de pessoas dentro desse tema que a gente está falando do suicídio impacta, não impacta.

Como que é isso?

Necessariamente, né?

É só a gente pegar os dados.

É de profissão, né?

Qual?

Quais são as profissões do país com maior taxa de suicídio?

Lembrando que uma coisa é taxa, outra coisa são números, né?

Números absoluto em taxa em taxa de suicídio.

A profissão do nosso país, e não só no nosso país, tá em vários outros países, mas.

Vou destacar o Brasil que a gente nacionalizar um pouco mais da discussão, profissão que não tem maior taxa de suicídio no nosso país, são os agricultores, né?

Eu falei da polícia, então muita gente enquanto eu estava falando, certamente pensou, pô, mas e os policiais?

E os policiais, eles estariam no que a gente chama de uma segunda categoria, a divisão por profissão.

Não se dá especificamente a profissão x ali o nome, porque às vezes Oo que um agricultor faz, o outro não faz, então a gente categoriza todo 11 grupo como agricultores, pessoas que trabalham no campo, né, na posição de peão, são os agricultores, eles são juntos em primeiro lugar, junto com os industriais, então assim como o agricultor e a.

É o peão do campo, o industrial seria o peão da área urbana, qual que é o ponto em comum que os sujeitos têm, mas especialmente no caso do agricultor, porque ele se suicida mais?

Primeiro ponto é a condição de trabalho, né?

É um trabalho muito mais insalubre, penoso, a pessoa fica no sol, alimentação, você não tem nenhum controle por nenhum tipo de sindicato, você tem pouca fiscalização por parte do poder público.

Além disso, os agricultores, eles geralmente vivem muito isolados, tanto de outros agricultores, como da própria área urbana e de outras pessoas, né?

Então no general eles se abrem muito pouco, majoritariamente são homens, a taxa de alcoolismo é muito.

Muito grande nessa população.

Além disso, existe uma exposição direta do agricultor aos pesticidas, né?

E a gente tem assim, estudos a rolê mostrando a correlação direta da exposição pesticida com o aumento de suicídio.

E também vale a pena destacar que esse grupo ele tem acesso aos mecanismos.

Pelos quais eles costumam tirar a própria vida.

Ou seja, a maior parte dos suicídio de agricultores do Brasil é por uso de pesticida e quando não arma de fogo, que são ferramentas que estão disponíveis ali para o mundo do agro, né?

O industrial, por sua vez, que está no paralelo muito parecido, mas ele assim um pouco levemente menor.

É de taxa de suicídio que o agricultor são os industriais mesmo dinâmica, né?

A progressão de cair carreira é horrível, né?

A perspetiva de salário é muito ruim.

Boa parte dessas pessoas vivem numa sensação de gralidade muito grande.

Os estresses típicos de uma.

Na área urbana, em uma posição mais periférica, a os trabalhos são muito penosos.

Muitas vezes eles precisam de 23 jornadas de trabalho, então trabalham ali no CLT por um período pra ter um mínimo de seguridade, trabalham ali fazendo o Uber, fazendo entrega, tudo pra poder complementar e ter um mínimo de uma renda digna.

Isso vai impactar nos dados de suicídio e por aí vai.

A na segunda grande categoria a gente colocaria os policiais, né?

A polícia como um modo geral.

O nome da segunda categoria seria profissionais da segurança, especialmente profissionais da segurança pública, do qual o policial militar é o topo desse ramo.

Munk, né?

Disparado, é o sujeito que mais se suicida, seguido de policial civil, policial federal, é guardas municipais, soldados e por fim, bombeiros, né?

E a terceira grande categoria seriam enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos também, aí nessa terceira categoria, junto único, veterinários, eventualmente Odonto, também tem apresentado um aumento, profissionais da área de arquitetura também tido um aumento, mas No No topo desse, desse, dessa terceira categoria, você tem enfermeiros, médicos e veterinários ocupando.

Lutou por essa questão, né?

O médico, eu sei que ele se destoa um pouco dessa categoria.

É importante lembrar que o médico, ele é basicamente o proletário gourmet, quando muito Oo médico, tem uma condição salarial que se destoa um pouco da média geral, mas ele já não tem mais o glamour que se tinha na medicina de 2030 anos atrás.

Inclusive, muita gente tem se frustrado, muita gente tem deteriorado a saúde mental com a medicina justamente por conta dessa questão.

O pessoal sai da faculdade imaginando aquela aquele cenário que pintara quando ele era criança, né?

Ele vai comprar carrão, vai poder trabalhar pouco e tudo mais e perceber que.

Se você ganhar uma grana legal, você vai ter que trabalhar muitas e muitas e muitas e muitas horas, né?

Isso vai impactar nessa de metade dessa galera aí, mas acima de tudo, AA falta de seguridade, de segurança que esse público tem, porque eles também, né?

Como são planetários, eles dependem do trabalho para poder se manter.

Então, se ele adoece, se ele por alguma razão ou não dá conta de trabalhar mais, ele sabe que vai dependendo da reserva financeira dele, porque a perspetiva é que ele em pouco tempo volte a estar na condição dos outros trabalhadores proletários.

Né, tudo sempre acaba voltando para a questão, 10 condições de trabalho mesmo?

Até profissões, por exemplo, que você trouxe o médico que a gente pensa tá com a vida ganha, tá ótimo, tem uma condição de trabalho muito difícil também.

Então pensando assim, né, que isso é um problema social.

A gente tá vendo assim, várias profissões muito deterioradas, né?

Como você acha que as políticas públicas poderiam ajudar na prevenção do suicídio?

Porque eu acho que a gente não fala muito sobre isso também.

Então, essa questão da política pública é bastante complexa, porque a gente sabe.

Que tem impacto é, é fato, os dados, todos os dados, como eles avaliam, eles avaliam, especialmente com base em políticas públicas que foram feitas ali, intervenção e tudo mais.

Mas a gente a gente tem 11 leitura muito, muito ruim sobre prevenção, né?

A própria campanha desse tema amarelo já deixa muito claro, né?

Surgiu algum tempo atrás como 11, mistura de iniciativa da sociedade civil com parte do poder público, mas acabou virando muito mais uma data estranho usar esse termo, mas real é quase uma data comemorativa, né?

Então, em setembro, se você trabalha numa empresa grande.

Você sabe que um dia lá você vai trabalhar menos horas da semana, porque vai ter uma palestrinha de alguém lá que vai comer 2 horas.

Você trabalha e falando os dados e o pessoal vai lá e recorta papel crepom e cartolina, pendura.

E AI peça ajuda, se abra, né?

A galera durante uma época no na rede social também postava assim, né, como que é?

Você teve amarelo.

Vou deixar o meu inbox aberto para vocês.

A gente tem muito essa percepção de que de que a prevenção ela se dá nessa ação individual.

E esse é o grande problema, porque na verdade, esse é o grande problema do neoliberalismo, é você individualiza a solução de problemas que são coletivos.

Então, se o problema é resolvido, o problema é seu.

Você que não se doou bastante, você que não ficou atento ao seu colega de trabalho lá, então vamos divulgar os sinais que as pessoas demonstram quando vou pensar em se suicidar.

Mas eu não tenho que ser avaliador de sinal, eu não trabalho com isso, eu trabalho uma empresa tal, eu sou vendedor que não tem a ver com sinais de suicídio.

É quem devia focar nessa.

Dinâmica quem devia criar esse tipo de programação é o poder público, mas a gente não entende como que funciona a as escalas de prevenção, né?

No grosso modo, só o pessoal tem 11 norte, a prevenção, ela tem pelo menos 3 níveis, a primeira AA mais geral e aqui tem um maior índice de impacto para a população, é o que a gente chama de prevenção universal, que você gera para toda a população.

Então, o público alvo da da prevenção universal é a população de modo geral, por exemplo, é um tipo de de prevenção universal, é você restringir o acesso à arma de fogo, é uma prevenção que você cria para toda a população, então não pode ter e se for ter, tem.

Ter toda uma série de questões, isso diminui a taxa de suicídio.

Por exemplo, a campanha de conscientização sobre o uso do álcool não é subsuicídio, mas quando você vai lá e cria uma campanha de conscientização, ou cria mecanismos para diminuir o consumo do álcool da população, isso vai impactar nos dados de suicídio, né?

Quando você facilita, por exemplo, o acesso a serviço de saúde mental, quando você dá vaga é de leito EE ou em caps, mas isso é prevenção universal, isso impacta significativamente, né?

Então, o objetivo desse tipo de prevenção é você impedir o início de determinado tipo de problema, né?

Então esse destino para toda a população, mesmo que essa população não apresenta nenhum tipo de problema em si.

Abaixo disso, né?

Ou abaixo ou acima, dependendo do gráfico que você está criando na sua cabeça, né?

A próxima etapa da prevenção universal é achar a prevenção seletiva, a prevenção seletiva AO público alvo, nesse caso, são os indivíduos que a gente já sabe que tem um risco maior de suicídio, por exemplo, homem.

Deve ter visto já faz tempo que não surge, mas alguns anos atrás tinha uma campanha para a saúde do homem, né, mostrando ali 11 grupo de amigos, eles rindo, de repente é um deles sumia o grupo ficava triste né, o pai empurrando a criança no parquinho, de repente o pai sumia e a criança ficava ali sem ter alguém balançar, por quê, né?

Eu faço uma campanha de de prevenção seletiva, direcionando para esse público de homens, porque os homens sabidamente são os que mais se matam, né?

Para quem não tem essa referência, é cada 10 suicidas que a gente tem no mundo, cerca de 78 são de homens, e isso varia muito pouco ao longo da história.

Assim, sabe, tem.

Isso nas exceções.

Então quando você faz uma campanha direcionada para esse público que sabidamente é mais vulnerável, isso vai impactar outro grupo também dentro dessa dinâmica de prevenção seletiva, adolescentes grávidas, a taxa de suicídio de adolescentes grávidas é muito alta, pessoas com transtorno mental, especialmente a depressão, borderline, bipolaridade por essa direção do PC público, a prevenção seletiva, né?

Então o objetivo desse tipo de prevenção é você impedir a instalação de determinado tipo de comportamento ou então o surgimento das suas consequências, né?

Através da redução dos fatores de risco.

É importante colocar que esse tipo de de.

E a ação é destinada para indivíduos que apresentam 1° de risco, baixo para moderado, né?

Ainda não tem um comportamento ativo, um comportamento realmente é problemático em si, é uma prevenção seletiva, então você seleciona do grupo macro, né, da universal, o grupo que é mais vulnerável e por fim, a gente tem isso que a gente acaba vendo no CT, no amarelo, que acabam pedindo pra gente, como que faz coquegráfico que que é a pessoa, como que eu falo, como que eu respondo a pessoa, isso é chamada prevenção indicada, indicada, que é muito, muito, muito, muito pontual, né?

Então o grupo alvo, a população alvo.

Desse tipo de prevenção são os grupos com alto risco de suicídio, ou então pessoas que já tentaram suicídio em algum momento do passado ou que estão apresentando comportamento suicida.

Esse tipo de prevenção você direciona especialmente para esse sujeito que tentou suicidir por alguma razão, está hospitalizado ou ficou hospitalizado, vai voltar para casa ou que está em algum ambiente, por exemplo, em presídios ou algum tipo de instituição do qual a gente tem que direcionar uma atenção profissionais para ele.

Então você foca muito mais na intervenção com o sujeito.

E o objetivo desse tipo de de prevenção é acompanhar, monitorar e, acima de tudo, oferecer suporte tanto.

Para o sujeito, como para a família, e esse é mais um ponto, né?

Quando a gente pensa nessa ação individual, quase sempre é que que eu falo para aquela pessoa, que que eu falo para o meu amigo, que que eu falo para aquela pessoa que me ligou, que mandou mensagem, a gente percebe que mesmo a prevenção indicada quando ocorre uma tentativa de suicídio, o efeito dessa prevenção é muito melhor.

Quando você direciona a tensão para os familiares desse sujeito, o trabalho coletivo sempre vai ter um impacto muito melhor do que o trabalho individual para vocês, né?

Pra pra galera que trabalha com saúde mental, a gente já está acostumado com essa lógica.

Quando você vê um paciente nessa situação de vulnerabilidade ao extremo, não tem para onde correr AO.

O primeiro grande dilema que a gente fica é, putz, vou ter que falar com a família mesmo, AI eu vou ter que sair dessa escala, eu e ele, e eu vou ter que recrutar pessoas.

Isso sim é o melhor jeito, jeito mais seguro que todos os dados comprovam.

É através desse coletivo mesmo, em em dinâmicas individuais, interpessoais, então só pra galera entender como que é a escala, né?

De de prevenção.

No geral, a gente tá muito mais acostumada a ver prevenção nessa lógica indicada da ação individual do que nessa lógica universal, sendo que a grana, as políticas públicas deviam focar muito mais na prevenção universal, né?

Um exemplo?

Só para ser bem caricato.

Um exemplo muito bom de uma prevenção universal que deu um impacto gigantesco na questão do suicídio foi o Reino Unido, né?

Que em 1973, na década de 70, eles trocaram, simplesmente substituíram.

Não tinha nenhuma intenção, a princípio, de uma intervenção para a população, mas eles substituíram o gás de carvão por gás natural nas tubulações.

E essa civilização?

Do governo fez com que 1/3 das taxas de suicídio do Reino Unido diminuíssem porque as pessoas muitas vezes iam tentar se suicidar, não conseguiam e desistiam do suicídio, né?

Então você percebe certos tipos de conduta, certo?

Dos tipos de de de mudança por parte do poder público impactam muito, tanto no aumento como na diminuição.

Um exemplo de uma ação inversa, né?

Que a gente não tem um impacto em si, mas em vez do poder público, está ajudando, está piorando.

É o caso mais recente aqui, que teve no dia primeiro de setembro do prefeito de Foz do Iguaçu, se vocês acompanharam isso, prefeito de Foz do Iguaçu, na abertura da campanha de setembro amarelo, ele fez.

Essa seguinte fala, né?

Ele disse que quem se suicida ou tem depressão ou não, tem Deus no coração e que o suicídio é um ato de falta de fé, né?

Você percebe como funciona os sujeitos que deveria representar OE, que é o representante na Liberdade do poder público.

Nesse sentido, ele tem uma fala dessa na abertura da campanha sistema amarelo, então, do mesmo jeito que o poder público tem o potencial, seja na escala municipal, estadual, federal, tem poder de influenciar e impactar nos dados.

É uma fala deslocada como essa, já acaba sentenciando parte da população, porque você sabe qual que vai ser a visão que se tem, né, a visão que esse trabalha.

Vai ter que ele chegar no posto de saúde, que ele chegar num caps, num espaço de acolhimento para poder se abrir, né?

Eu estou ouvindo você.

Eu acho que eu vou pedir um minuto de silêncio assim aqui, porque é tanta coisa e é tão complexo assim e já está dando inclusive o tempo do episódio, mas eu eu só fiquei, eu estou com a palavra coletiva na cabeça, né?

Assim, e como que toda essa lógica que você está trazendo ranisson, a gente realmente acaba indo muito na contramão do que exatamente você falou, que hoje é a forma de enxergar o mundo e de intervir que essa forma muito.

Ritualizada, né?

Assim, eu estou ouvindo você e pensando até como nós psicólogos, a importância da gente estar mais ligado, inclusive nesse olhar social e o que que o poder público está fazendo ou não, né, em relação a isso?

Sim, tem muita coisa.

Na verdade eu estou impactada assim, mas eu queria ouvir, a partir disso tudo que você compartilhou com a gente, qual que seria uma mensagem final assim, digamos assim, que você gostaria de passar em relação a tudo isso que você está trazendo, de conteúdo, de conhecimento dos.

Dados assim, o que que pra você é importante a gente deixar aqui?

Não sei se mensagem uma boa palavra, mas assim de ressaltar e comunicar mesmo para quem está ouvindo sobre esse tema.

Eu eu queria deixar alguns pontos muito claros assim, especialmente 2 pontos eu vou.

Não sei se eu consegui me fazer compreendido por eles, mas prometo que vou dar o meu melhor primeiro.eu queria muito que as pessoas.

Que ouvissem esse esse nosso episódio guardassem de tudo que eu falei, primeiro ponto é, o suicídio não vai acabar e pronto, você pode ter a melhor política pública da história da humanidade, você pode ter é uma remissão completa, absoluta da pobreza.

Todas as pessoas agora vão ganhar 100000 BRL por mês.

Todas as pessoas agora vão viver num país sem guerra, sem conflitos, sem o suicídio, não vai acabar, mas essa é uma discussão mais complexa, porque a gente ainda associa suicídio exclusivamente com uma questão necessariamente negativa, o que de fato é uma correlação que faz sentido, mas é.

A coisa não é tão simplista assim.

Então o suicídio, ele é um fato social, ele sempre vai existir, porque a gente quer, ao fazer esse tipo de trabalho, ao direcionar atenção para esse tema e ao cobrar políticas públicas, é diminuir um tipo de suicídio muito específico, que é o suicídio do desespero, o suicídio da construção cognitiva, o suicídio da falta de possibilidade, o suicídio que a pessoa opta, não porque ela opta, mas porque ela não vê nenhum outro tipo de saída, porque ela está numa condição tão angustiante, tão é aflita de existência, que é a única perspectiva que ela tem, né?

Então é esse tipo de suicídio.

Que a gente tenta entre aspas combater, mas o suicídio como fenômeno ele é um fato, ele vai sempre existir.

Então não criem, né, a expectativa ou a Esperança de que vai existir a política pública perfeita ideal ou a mudança da sociedade perfeita ideal, que faz solucionar essa questão, porque isso não é um algo solucionável na sua estrutura, mas esse grupo, né, esse modelo, esse tipo de suicídio pra esses grupos, pra essas categorias, é algo sim, trabalhável, porque a gente já tem dados que mostram que quando você intervém, mexe nessa base e isso impacta numa diminuição, isso resulta numa diminuição.

Dos dados de suicídio, né?

Esse esse é o primeiro ponto que eu quero que que as pessoas guardem e o segundo ponto é, tira da escala individual a responsabilidade pelo suicídio.

A gente já saiu dessa perspectiva há muito tempo.

O suicídio, ele tem essa questão de pulverizar o sentimento de culpa e Durkheim ao ao tirar o suicídio da escala individual e jogar pro coletivo, ele coloca que as sociedades, segundo ele, toda sociedade, tem um contingente de mortos, voluntários, ou seja, pessoas, né?

Assim como uma árvore vai crescendo, vai trocando de galho, vai trocando de folha, vai trocando de galho.

As a sociedade como uma estrutura, ela vai crescendo, vai trocando, vai soltando esses galhos, essas folhas que são os membros, são as pessoas ali.

Então você achar que é você, o sujeito que tem que intervir, que você que tem que saber os sinais, é um jeito muito violento e muito covarde que a mídia tem colocado de direcionar um problema coletivo pro problema individual.

A gente ouve muitas vezes uma pergunta que é muito padrão, eu vou dar uma entrevista daqui a pouco um jornal aqui, eles já me mandaram a pergunta que vão me fazer, que é, quais são os sinais que as pessoas demonstram quando estão pensando em tirar, tirar o papel?

A vida, quando você faz essa pergunta, apesar do do propósito ser boa, é como se você estivesse dizendo que se você não prestou atenção nos sinais e alguém perto de você se matou, a culpa foi tua.

O que eu posso afirmar para você já e com dados, é que boa parte das pessoas, para não dizer que talvez a maioria delas, não dá sinais de que vão se matar.

Essa é um grande equívoco que a gente tem, então para de achar que é a sua ação individual, o suicídio, ele pulveriza esse sentimento de culpa, né?

Até quando você não conhece, você não era próximo da pessoa ali do seu trabalho, né?

A pessoa que trabalhava no outro setor nesse suicídio você se sente um pouco culpado, né?

Putz.

Será que eu devia ter conversado?

Será que o devia ter notado?

É porque existe, né?

Se existe, se é que existe um culpado pelo suicídio, somos todos nós e a gente vai continuar vivendo assim durante um bom tempo.

A gente tem recursos emocionais, recursos mentais, para não pensar sobre suicídio, para não pensar sobre a morte, porque pensar sobre isso é muito angustiante.

Mas se a gente começar a trazer essa pauta toda e falar com mais naturalidade, como a gente fez com outros temas, como a gente fez, por exemplo, com a homossexualidade até alguns anos, algumas décadas atrás, falar sobre homossexualidade era um tema extremamente programático, mas recentemente a gente começou a falar, por exemplo, sobre adultização.

São das crianças sobre pedofilia, que são temas que ainda são tabu, mas que estão vindo à tona.

O suicídio a gente permeia, a gente passa, a gente toca, encosta nele no mês de setembro e o resto do ano a gente esquece completamente.

Como que essa coisa vai mudar?

Eu não sei, mas eu posso garantir que não é você como sujeito, muito menos eu, que vai fazer isso individualmente.

Se a gente talvez se unir como categoria profissional, juntando psicólogos, e a gente se unir como população de uma certa região, de um certo, de certa causa, e lutar por essa temática, talvez a gente tenha um resultado melhor, mas individualmente a chance é.

Zero.

E é muito bom ouvir tudo isso que você está falando.

E eu acho que eu vou sair desse episódio com muitas reflexões.

Espero que vocês também, que estão ouvindo, saiam com muitas reflexões, até de pensar o impacto que não só tem na gente, nas pessoas em volta da gente, e como o que a gente faz não está isolado, né?

Que eu acho que muitas vezes a gente tem essa perceção, que as coisas são caixinhas.

E hanne só queria te perguntar, como é que as pessoas te acham, como as pessoas entram mais em contato com seu conteúdo?

Onde é que as pessoas podem fazer terapia com você?

Porque eu tô saindo daqui encantada.

Então é, eu tenho.

O Instagram, o meu arroba é arroba renisson psico renisson com 2 SSRNISSAN renisson psico tudo junto e eu tenho meu TikTok que é psicólogo renisson.

Eles podem procurar por lá.

No meu Instagram tem um link na minha bio que dá acesso ao meu curso de prevenção do suicídio, dá acesso ao meu WhatsApp para poder falar com a minha secretária, ver valores e agendamento de consulta.

E por aí, né?

Mas acho que são esses meus contatos principais.

E gente, vocês já sabem todas essas informações, esses links vão estar aqui embaixo na descrição do episódio.

Junto com o Instagram do podcast junto com o meu Instagram profissional, psicóloga Ana Luiza Braz e o da Ana Teresa.

E o meu arroba?

Ana Teresa Cavalcante, se vocês também quiserem apoiar o podcast e ajudar a gente a continuar produzindo conteúdo, a valorizar aqui o conteúdo produzido, também vou estar no link da descrição aqui o orello para vocês tornarem empaiadores e ganharem episódios extras e exclusivos da nossa área de apoio, que já tem uma biblioteca grandona lá para vocês.

Maratonarem também.

Se vocês quiserem conhecer a nossa equipe que ajuda a produzir aqui o podcast vai estar aqui, os instagrams deles aqui na descrição e que ele te agrade.

Agradecer muito mainson por você ter vindo.

Thank.

You, estou muito feliz com essa participação.

Muito obrigada, que episódio?

Você quer se despedir da galera de alguma forma?

Olha, a gente hoje vai deixar você escolher o.

O emoji que as pessoas vão colocar no final do episódio?

É verdade, eu sempre esqueço esse emoji.

A gente para quem fica até o final mesmo, para quem é tipo raiz, a gente deixa um emoji que só a galera que está até aqui agora vai saber que é para elas comentarem.

E aí você pode escolher o Mogi que você quiser pra gente colocar.

IA falar na descrição?

Não para as pessoas comentarem.

Eu acho que eu IA só de sacanagem.

Eu IA falar para colocar o lacinho amarelo, amarelo.

Mas é muito caricato.

Eu eu não vou querer cair nessa, eu acho pelo tom provocativo.

Eu acho que o emoji vai ser aquele do macaquinho tampando a orelha pra gente parar de ouvir o tanto de besteira que a gente tem ouvido ultimamente nas campanhas setembro amarelo.

Adorei.

Nossa, e eu pensei em outra coisa, tanto pra gente parar de ouvir isso quanto.

Como um tipo, um símbolo, né?

Uma metáfora da gente, meio que assim, não querendo ouvir.

Inclusive, de fato.

O que é importante ouvir sobre esse tema?

Amarelo?

Bom, muito.

Bom, nossa essa.

Fantástica.

Então, pessoal, comentem o macaquinho se vocês aprenderam alguma coisa nesse episódio, se vocês vão compartilhar esse episódio, se vocês acham que esse episódio tem que chegar em mais gente e também não deixa de se classificar o podcast, ativar o sininho para chegar em mais gente.

Esse episódio e mais gente o podcast.

E é isso, gente.

Agora sim, renisson mais uma vez, muito obrigada.

E para todo mundo que está ouvindo também.

Muito obrigada.

Um beijo.

E até o próximo episódio.

Valeu galera.

Tchau, tchau.

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